quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

HOUSE OF CARDS BRASILEIRO



Pelo andar da carruagem, o PMDB parece que tenta usar o ajuste fiscal como moeda de troca para obter poder no governo.

Depois de articular várias blindagens contra a Presidenta Dilma, desde o início deste ano, como por exemplo, autonomia dos deputados federais na distribuição de emendas parlamentares, derrota do PT na presidência da Câmara e dupla prevalência do PMDB nas presidências da Câmara e do Senado, Reforma Política em debate com liderança do PMDB na Comissão, intenção do PMDB (Eduardo Cunha) de alterar a legislação sobre criação de novos partidos para impedir a refundação do PL por Cassab (intuito é formar uma bancada de deputados federais governistas com a migração de parlamentares para o novo partido sem perda de mandato), e dezenas de outras coisas, pela primeira vez o Presidente da Câmara declarou apoiar o Governo, endossando o ajuste fiscal pretendido pelo Executivo.

Este ajuste, prejudicial ao povo, economizará R$18 bi em 2015 limitando benefícios como seguro-desemprego, abono salarial, pensão por morte e seguro-defeso para pescadores, etc.

Em jantar realizado no Palácio Jaburu na última segunda-feira (23), residência oficial do vice Michel Temer (PMDB), Eduardo Cunha (PMDB) declarou: "O PMDB salvará o ajuste fiscal". No mesmo evento, Renan Calheiros (PMDB), Presidente do Senado, declarou oficialmente à imprensa "O PMDB quer dar um fundamento à coalizão, quer participar da definição das políticas públicas. Essa coalizão, ela é capenga porque o PMDB, que é o maior partido do ponto de vista da coalizão, ele não cumpre o seu papel".

Na terça-feira (24), o vice Michel Temer (PMDB) ligou para a Presidenta Dilma dando o seguinte recado: se o PMDB continuar sendo excluído do poder por "mais um mês ou dois" estará se arriscando a perder o controle da pauta no Congresso (PMDB ocupa presidência da Câmara e do Senado). E o vice ainda alertou: ou o governo inclui o PMDB nas decisões estratégicas ou não terá o partido na base aliada. Vale ressaltar que PT e PMDB têm juntos 131 deputados do total de 513. A aprovação de um projeto de lei exige quórum mínimo de 257 deputados em maioria simples.

Neste novo mandato, o PMDB tem 7 pastas sem grande poder. Além de mais cargos, pretende assento nas decisões de cúpula, hoje reservados ao PT.

Conclusão: PMDB "roubou o relógio para vender as horas" à Presidenta. Primeiro, o PMDB posicionou-se em confronto aberto, tomando espaços estratégicos e limitando o poder do Executivo no parlamento. Agora, se oferece para aprovar o ajuste fiscal...mas manda recado de que o PMDB quer mais poder. Isso me lembra o seriado House of Cards, exibido pela Netflix, onde o personagem Frank Underwood, interpretado por Kevin Spacey, deixa o telespectador assustado com tanta engenhosidade.


Fonte: G1, UOL, FOLHA

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