sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A DIFERENÇA ENTRE O JUSTO E O LEGAL

por Fernanda Caprio

É justo matar alguém e, se preenchidos alguns requisitos, o criminoso ficar em liberdade? Não, mas é legal.

É justo que uma ação proposta contra você seja considerada totalmente verdade só porque você não apresentou defesa, mesmo que na realidade nada daquilo que é alegado seja real? Não, mas é legal.

É justo você suar para comprar um carro, pagar por ele ao vendedor, e ainda ter que pagar ao governo uma licença anual para usá-lo (licenciamento), depois pagar também anualmente ao governo um imposto para poder tê-lo (IPVA) e ainda ter que pagar toda vez que passar com esse carro por determinada rua ou rodovia (pedágio), e, se não pagar essas taxas todas, ter seu carro apreendido e ainda ter que pagar mais e mais taxas para tê-lo de volta? Não, mas é legal.

Há uma diferença muito grande entre o que é justo e o que é legal.

O justo, seja ele divino ou humano, é aquilo que recompensa na exata medida do que é feito. O legal depende do cumprimento de requisitos que estão indicados na lei: textos, palavras, regras, horários, documentos, dias, prazos, formatos.

Mesmo que se tenha total razão num assunto, de nada adianta se não for cumprido o que a lei determina.

Então, legal é o justo adequado à medida da lei. E justo continuará sendo justo, independentemente do que a lei diz que é legal ou ilegal.

Portanto, justiça e legalidade são resultados que podem andar juntos, mas na maioria dos casos, seguem separados.

E por que é assim? Porque na origem das coisas, o justo sempre foi e sempre será justo. Mas para podermos viver em sociedade, fomos criando regras, parâmetros, exigências, e aí deu no que deu: o que é justo tem que cumprir requisitos, se não cumprir, não importa se é justo ou não, basta que seja legal!



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